sábado, 7 de maio de 2011

DF:VIOLÊNCIA - ASSASSINATO NA PAPUDA.


 




O crime aconteceu em uma cela superlotada da penitenciária. A vítima, Diego Torres da Silva, tinha 23 anos e era moradora de rua em Ceilândia. Um presidiário foi espancado até a morte por colegas de cela, no Complexo Penitenciário da Papuda, em São Sebastião. O crime ocorreu na última sexta-feira, por volta de 23h. Na hora do crime, havia 11 homens no local, mas apenas três deles foram identificados como autores do homicídio: Luiz Carlos Carvalho de Almeida, 22 anos; Emerson Santos da Costa Bernardino, 19; e Devisson Diniz Dantas, 21. Eles estavam na ala B do Centro de Detenção Provisória (CDP). A vítima, identificada como Diego Torres da Silva, tinha 23 anos e era moradora de rua em Ceilândia. Ele tinha sido preso por furto em março deste ano. Sem parentes na cidade, ele limpava a cela onde dormia para ganhar algum dinheiro, mas, de acordo com as investigações, teria furtado R$ 50 de um outro preso, o que motivou a agressão.

Peritos estiveram no local durante a madrugada, mas o corpo só foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) por volta das 10h de ontem. No mesmo horário, os três acusados deixaram o local para a realização do exame de corpo de delito em uma van da Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe). Os presidiários voltaram à Papuda em seguida e, agora, responderão novo processo por homicídio. A ocorrência foi registrada na 30ª Delegacia de Polícia (São Sebastião).

Fuga
Esta foi a primeira morte registrada na Papuda, porém é a segunda ocorrência considerada grave. Em 27 de março deste ano, seis detentos conseguiram fugir depois de serrarem as grades de quatro celas, sem serem vistos. Segundo o subsecretário do
Sistema Penitenciário, André Victor do Espírito Santo, os casos devem ser analisados separadamente. “Fuga e homicídio são coisas muito diferentes e que não estão ligadas aos mesmos aspectos de segurança. Normalmente, procuramos colocar os desafetos em celas separadas, mas não é possível prevenir esse tipo de homicídio, uma vez que a desavença começou dentro da cela”, explicou.

Os agentes faziam a ronda pelo local, mas não perceberam o espancamento a tempo de salvar a vítima. Na unidade onde aconteceu o crime, a capacidade é para 1,2 mil presos, mas existem 800 detentos a mais. Em todas as unidades do complexo, há cerca de 2,3 mil detentos. Na cela onde Diego estava preso, o ideal seria o limite máximo de oito presos, mas havia 11 no momento do
crime.“Aconteceu tudo muito rápido. Por ser moradora de rua, a vítima tinha pouca resistência. Essa morte não teve nenhuma relação com uma possível fragilidade da segurança ou com a superlotação”, acredita Espírito Santo. Um procedimento de investigação será aberto para apurar as circunstâncias do fato e para descobrir se houve negligência.

Os três presidiários agora vão enfrentar novo processo judicial. A pena varia de 12 a 30 anos de prisão, agravada pela impossibilidade de defesa da vítima. Além de chutes e pontapés, Diego foi queimado pelos agressores com pontas de cigarros. O detento assassinado respondia a processos por furto e roubo, mas não havia sido condenado. Luiz Carlos tem passagens na polícia por roubo, porte de armas, dano ao patrimônio e formação de quadrilha. Emerson é acusado de tráfico de drogas e Devisson responde processo por roubo.

Falha de segurança
A fuga de seis detentos chamou a atenção das autoridades para o cuidado com a segurança no sistema prisional. Duas semanas após a fuga, representantes da Câmara Legislativa estiveram na penitenciária e constataram as condições precárias da estrutura e do efetivo. Os agentes ameaçaram entrar em greve e denunciaram a falta de profissionais capacitados. Atualmente, o quadro é de 1,4 mil agentes, o que representa um deficit de pelo menos oito mil profissionais. No dia da fuga, apenas uma torre de vigilância estava funcionando. Os quatro pontos de vigilância externa também estavam vazios, o que dificultou o trabalho dos vigias. Foi a primeira vez que presos escaparam da penitenciária desde que a ala foi inaugurada.

Fonte Correio Braziliense 01.05.2011

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