quarta-feira, 4 de maio de 2011

Detonado esquema de fraude na CNH


 
Megaoperação prendeu suspeitos no Sul de Minas e em São Paulo acusados de validar carteiras ilegalmente
Publicado no Super Notícia em 04/05/2011
GABRIELA SALES
falesuper@supernoticia.com.br

FOTO: REPRODUÇÃO DA EPTV
No Sul de Minas, seis pessoas foram presas durante a operação; as outras três prisões ocorreram em São Paulo
REPRODUÇÃO DA EPTV
No Sul de Minas, seis pessoas foram presas durante a operação; as outras três prisões ocorreram em São Paulo
Megaoperação envolvendo policiais rodoviários federais de Minas, São Paulo, Rio de Janeiro e do Distrito Federal prendeu, ontem, nove pessoas suspeitas de participação num esquema de validação de carteiras de motorista irregulares. Em Minas, aconteceu a maior parte das prisões. As seis detenções no Estado foram nas cidades de Pouso Alegre, Poço Fundo, Ipuiúna e Machado, todas no Sul.
Entre os presos está um cabo da Polícia Militar de Pouso Alegre, que atuava como intermediador do esquema que envolvia motoristas com carteiras bloqueadas e policiais corruptos do Detran de São Paulo. A estimativa da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Brasília, e o Ministério Público de São Paulo é com nos últimos três anos, 5.000 carteiras emitidas de maneira fraudulenta foram reabilitadas pela quadrilha, a partir do pagamento de propina. Um prejuízo de R$ 15 milhões para os cofres públicos. "Era um lucro certo para a quadrilha, já que essas carteiras estavam bloqueadas e os motoristas precisavam de renová-las", explicou o delegado Alexandre Castilho, assessor nacional da PRF, em Brasília.
A investigação, feita a partir de uma denúncia, recebeu o nome de Cartas Marcadas numa referência a uma outra operação (Carta Branca), feita em 2008, que revelou a emissão de 30 mil carteiras de habilitação fraudulentas em Minas e São Paulo. Sem passar por qualquer tipo de teste como exames de legislação e provas de direção, os motoristas obtiveram os documentos legítimos. Agora, com a necessidade de renovar os documentos, os motoristas recorreram novamente a golpistas.
Os documentos renovados eram negociados a R$ 3.000 e liberados em menos de 25 dias após a encomenda. Todos teriam sido emitidos pelo Detran-SP.
Ontem, ao vasculharem a casa do funcionário do Detran de São Paulo, Carlos Moroni Filho, os policiais encontraram documentos que comprovariam a fraude. O servidor, lotado na Corregedoria do Detran paulista, foi preso e teve duas armas apreendidas. Na casa da advogada Samira Morelli, dona de uma autoescola de Guarulhos (SP), foram encontradas carteiras de motoristas irregulares e computadores, que serão periciados.
Em Poços de Caldas, Flori Batista de Arruda e o filho dele, Wesley Magalhães, donos de uma autoescola, foram presos. Em Machado, não houve prisões, mas documentos encontrados na autoescola Alfenas foram apreendidos. Os sócios na empresa prestaram depoimento e foram liberados.
As outras três prisões em Minas aconteceram em Poço Fundo e Ipuiúna. Os nomes dos suspeitos não foram revelados.
Cartas marcadas
- Advogada: no município de Guarulhos, a proprietária de uma autoescola era responsável por intermediar o contato com os policiais civis da Corregedoria do Detran de São Paulo. Eles faziam o desbloqueio das carteiras de habilitação.
- Policial Militar: Em Pouso Alegre, Sul de Minas, o cabo Cleiton Alves Vieira, agenciava motoristas que precisavam do desbloqueio do documento.
Esquema foi descoberto em 2008
Não é a primeira vez que fraudes na emissão de carteira de habilitação foram flagradas em São Paulo. Em 2008, o Ministério Público Estadual de São Paulo (MPE/ SP) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), realizaram uma investigação, denominada como operação "Carta Branca" em que o candidato a motorista pagava uma propina no valor de R$1.500 e recebia o documento sem precisar participar das aulas obrigatórias para a concessão da carteira de habilitação.
Durante a apuração do caso, ficou comprovado que alunos da capital de São Paulo, interior do Estado e de Minas Gerais eram os maiores compradores.
Na época, 50 pessoas foram presas por causa do esquema fraudulento. "Ficou comprovado que muitas pessoas eram beneficiadas com a compra das habilitação e no primeiro momento estavam totalmente regulares, já que foram emitidas pelo Detran paulista", explicou o inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Alexandre Castilho.
Segundo Castilho, o público alvo era originário principalmente do interior de São Paulo e região Sul de Minas Gerais.
"Durante as investigações, percebemos que a grande maioria das habilitações eram de pessoas de Minas Gerais, o que aumentou ainda mais a suspeita", disse. (GS)

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